A obra, que retrata a vida de um doente mental, incide no lugar fronteiriço entre sanidade e insanidade e questiona quanto disso é determinado pela sociedade.
O prefácio do livro tem como mote Os Loucos Estão Certos, uma canção "feita quase sem querer". Jorge Cruz fala sobre pessoas com quem se cruzou e que viriam a figurar em canções de Diabo na Cruz — como o "Guru", que conheceu no Porto e foi parar ao Corridinho do Verão ou o homem condenado a ser filho quando o seu sonho maior era ser pai. Um excerto do prefácio:
«(...) Hoje em dia, em festivais e feiras de Portugal por onde passamos, há centenas de pessoas de todas as idades que já cantaram “O Guru vem arranjado/ O luar está bonito!” do ‘Corridinho de Verão’, que sabem a letra d’Os Loucos Estão Certos’ e já me substituíram no refrão para gritar “Já que a borga continua/ Seja o filho avô do pai!”. Há gente que faz coreografias e desenha ondas e comboios humanos ao som dessas e de outras músicas inspiradas por dias assim e pessoas como estas de que aqui vos falei. Há até quem me contacte para escrever prefácios de livros! Tudo aquilo que antes parecia impossível, entretanto, tornou-se normal… ou louco… conforme a perspectiva.
«Escrevi ‘Os Loucos Estão Certos’ quase sem querer, de um jorro, estacionado junto aos bombeiros da Rua das Flores, no Chiado. A frase título soou-me bem, fiz a canção e nunca mais pensei sobre o assunto. Se tivesse de analisá-la diria que é uma canção sobre não pertencer. É uma canção sobre mudar de perspectiva em relação ao discurso vigente. Sobre a iluminação de poder ver o mundo de uma outra maneira. É também sobre a hipocrisia alojada nas traseiras do quotidiano. Sobre o sofrimento. Sobre família e religião. No fundo, é sobre a incoerência e a imperfeição de ser-se humano. (...)»
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1 comentário:
Eu já ouvi e já dancei muitas vezes ao som da Os Loucos Estão Certos, mas nunca liguei muito à letra, até porque não a percebia. Agora que a percebo melhor gosto ainda mais da música :)
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