12 julho 2016

Jorge Cruz: "Mais do que uma banda, Diabo na Cruz é uma missão"

Jorge Cruz esteve hoje de manhã na Rádio Borba a promover os próximos concertos de Diabo na Cruz no Alentejo. Podem ouvir aqui a entrevista e ler alguns excertos:



Rock'n'roll em família
No palco, somos das bandas mais rock'n'roll que vais encontrar neste momento. Fora do palco, fora a diversão e as piadas, somos das bandas menos cliché do rock'n'roll que vais encontrar em Portugal neste momento. Somos uma banda de famílias e de laços fortes. E nós próprios enquanto grupo e com a nossa equipa técnica e as pessoas que trabalham fora a promover, a desenhar, a fazer os vídeos, temos uma sensação de família muito forte e procuramos criar esse espírito. Porque Diabo na Cruz, mais do que uma banda, é uma missão, é a missão de mostrar a cultura portuguesa em Portugal, no Portugal profundo, é a missão de fazer festa daquilo que muitas vezes foi apelidado de tristeza, que é a música de Portugal, e portanto estamos imbuídos de algo comum que é a nossa paixão pelo nosso território, a nossa cultura. E pronto, vivemos dessa maneira e deixamos os excessos do rock'n'roll para outros e para outros tempos, até porque já não temos idade para isso.

O novo disco
Há umas ideias embrionárias, mas os nossos discos têm sido todos diferentes, todos especiais e feitos com cuidado. Este é o quarto passo depois de um terceiro disco que correu tão bem, que marcou tanto e vai marcar tanto a nossa carreira. Costuma dizer-se que no terceiro disco ou a banda permanece ou acaba por esfumar-se um pouco. No terceiro acho que fizemos um grande disco e agora queremos que o quarto esteja ao nível e seja o melhor disco de Diabo na Cruz, é sempre esse o nosso objectivo.

Próximos concertos
O que me apetece é celebrar já este fim-de-semana mais uma vez as nossas músicas e os nossos concertos com um público novo, sabendo que há sempre público de Diabo na Cruz que se desloca, que faz quilómetros. Ali na linha da frente vão estar sempre alguns dos renegados, dos lutadores da linha da frente de Diabo na Cruz que correm o país para nos ver. Pretendemos celebrar esta música mais uns meses, porque ali chegando ao fim de Setembro o que nos vai apetecer mais vai ser descansar. E do descanso virão as ideias. Trabalhámos muito, ainda estamos aí a trabalhar, a celebrar. Mas mais do que saber o que vamos fazer mais tarde, queremos viver este momento.

Escrever para outras vozes
Tenho tido possibilidade de escrever para outras pessoas [Ana Moura, Raquel Tavares, Amor Electro]. São músicas que têm tido muito público e que noutras vozes... A minha voz é assim um bocado dura, não é propriamente uma voz de rouxinol, por isso fazer músicas para essas senhoras tem sido uma honra e uma alegria. E gosto muito de escrever do ponto de vista feminino, por isso tem sido muito interessante.

A criatividade que nasce da crise
Às vezes quando a economia está em baixo é que as pessoas se sentem mais criativas. Nós somos uma banda que não se poderia ter afirmado se a indústria musical não tivesse descido tanto como desceu nos últimos anos. Deixou-se de vender tantos discos, deixou de haver tanto poder nas editoras. Uma banda como a nossa surgiu um bocado da internet, muitos fãs foram-se formado logo quando mostrámos as primeiras músicas num tempo em que ainda havia o MySpace. Organizámos sempre as coisas nós próprios e a banda cresceu imenso, só mais tarde é que a indústria veio ter connosco. De modo que agora até colaboramos com pessoas do topo da indústria e estamos num lugar especial enquanto grupo com uma obra já de 40 canções e concertos longos e festas feitas já de Norte a Sul do país. O único sítio onde ainda não tocámos em Portugal foi na Madeira. Estamos à espera que o Cristiano Ronaldo interceda em nosso favor, com certeza que ele gosta de se divertir e connosco isso está assegurado.

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