10 junho 2016

Entrevista: João Gil


João Gil, um homem muito equilibrado
Os fãs perguntaram, João Gil respondeu. Aqui podem conhecer melhor o músico e surfista, a história daquela tatuagem e daquele pedido de casamento:

Porque tens tantas tatuagens? Que significado têm para ti?
As pessoas que ficam curiosas com a minha tatuagem normalmente pensam que tenho várias tatuagens, na verdade tenho apenas uma, mas uma grande tatuagem que ocupa todo o meu lado direito do corpo. Esta tatuagem vale por aquilo que simboliza e não pelo desenho dela, o desenho é completamente secundário. Quando comecei a tatuar, comecei por uma joaninha na minha barriga que simboliza a minha mãe, depois disso fiz um escorpião que simboliza o meu pai e esse escorpião está a abraçar a joaninha. Depois disso comecei a montar o puzzle com várias peças pelo resto do corpo e cada uma dessas peças simboliza alguém que fez ou faz parte da minha vida. Só tenho um lado tatuado porque quero lembrar-me sempre que olhar para o lado esquerdo daquilo que fui e sempre que olhar para o lado direito daquilo que sou, acredito que as pessoas têm várias faces, não apenas aquela que mostram.

Conta como surgiu a ideia do pedido de casamento à tua noiva durante um concerto. A ideia foi tua? Não tiveste medo de levar uma nega em público?
A ideia surgiu há muito tempo, muito antes do pedido, na altura em que pensei nisso não sabia ainda onde poderia ser, felizmente Diabo teve um concerto marcado numa das salas mais bonitas de Lisboa e decidi logo que tinha que ser lá. Depois disso fui falar com a banda para lhes pedir ajuda e como não podia deixar de ser, o pedido ficou guardado para a música CASAMENTO, nos ensaios fizemos um arranjo para que a música parasse a meio e eu pudesse ir falar para o lugar do Jorge num momento em que apanhasse a Joana completamente desprevenida. Assim foi, ela não estava à espera, existem vários vídeos engraçados onde se pode ver isso, um dia destes mostro o vídeo da minha irmã, onde se pode ver que ela quase mudou de cor e quase desmaiou. Em cima do palco pensei "epá, e se ela não quiser…?", mas os deuses estavam do meu lado e quiseram que a Joana ficasse do meu lado e foi uma das noites mais bonitas da minha vida! Uma parte engraçada foi num outro concerto, no final quando estávamos a assinar discos, houve uma senhora muito querida que estava a pedir assinaturas  à banda que quando viu a Joana, pediu-lhe também para assinar o disco dela porque tinha ficado muito emocionada com o pedido. Coisa bonita!

Tendo em conta que pediste a tua mulher em casamento num concerto de Diabo... houve música de Diabo no teu casamento?
No nosso casamento fiz questão de chatear todos os meus amigos para tocarem, uns ficaram envergonhados e não quiseram subir, mas houve uns corajosos que subiram e tocaram que se fartaram! Subiu primeiro o meu grande amigo Tiago Bettencourt, logo a seguir tocou You Can’t Win, Charlie Brown, depois se não me engano tocou o Pedro Puppe, Diabo logo a seguir e arrasou com o palco e convidados que não nos conheciam! Eu toquei uma música para a Joana no fim sozinho e desafinei que me fartei, mas não faz mal porque não havia nenhum júri da Operação Triunfo ou dos Ídolos lá.

Qual é a música de Diabo na Cruz mais fixe de tocar no teclado?
A LUZIA ao vivo, porque posso improvisar sempre os inícios da música, fazer o que me apetece, tocar mais rápido, tocar mais lenta, tudo o que me apetecer, posso sentir as pessoas a focarem-se nisso e isso dá-me gozo. Além disso tenho ainda aquela pressão de estar a tocar sozinho enquanto o Jorge canta, esse nervosinho dá-me pica e faz-me estar sempre em alerta, é um desafio sempre que toco a música e faço o possível para que seja sempre diferente cada vez que a toco.

Lembro-me de ver em algum lado que eras surfista... Ainda fazes surf?
Era e sou surfista e continuo a fazer surf! Da mesma forma que tenho a necessidade de fazer música, tenho também a necessidade de estar dentro de água, a fazer surf. O surf está presente na minha vida mais ou menos desde a mesma altura em que comecei a tocar quando tinha 6 ou 7 anos. Pratico surf pelo desporto mas acima de tudo, pratico pelo efeito terapêutico que tem em mim, no quanto me relaxa a cabeça e transforma a minha vida, sou melhor pessoa depois de um dia de surf. Hoje aconteceu-me uma coisa engraçada depois de surfar, estava a sair da água e passo por dois miúdos que estavam a ouvir música debaixo do seu chapéu de sol, quando cheguei mais perto apercebi-me que era a LUZIA e fui lá conversar com eles, perguntei-lhes "Isso é rádio ou é escolha vossa?" e eles responderam "É escolha nossa, porquê?", ao que eu respondi "epá, é que isso é a minha banda!", lá ficámos à conversa e lá fiquei a conhecer mais duas pessoas bem porreiras!

Que tipo de música ouves?
Hoje em dia, posso dizer que oiço tudo, desde o mais “cool” ao mais foleiro. Sou mil vezes mais feliz desde que deixei de ser um snob musical. Aconselho toda a gente a fazer o mesmo, oiçam um bocadinho de tudo, não faz mal a ninguém, só faz bem.

Sendo responsável pelos sons mais foleiros (no bom sentido) e pirosos (elogio) da banda, isso mudou a forma como encaras a música pimba?
Não, continuo a olhar da mesma forma, como um estilo de música no meio de outros tantos. Respeito quem o faz, há lugar para todos na música. Obrigado pelo elogio!

O bom gosto e os guilty pleasures são conceitos que fazem sentido para ti na forma como encaras a música?
Hoje em dia não escondo os guilty pleasures e por isso já não são tão guilty... Bom gosto e mau gosto não existem para mim, existe acima de tudo o “meu” gosto, cada um tem o seu.  Toda essa música faz todo o sentido para mim na forma como encaro a música no geral.

Como é que achas que a música de Diabo na Cruz vai sobreviver à passagem do tempo?
A música de Diabo na Cruz vai sobreviver ao tempo porque é música de altíssima qualidade feita por pessoas que amam o que fazem e o demonstram facilmente ao vivo para que ninguém fique na dúvida, isso ficará na memória das pessoas e para mim a melhor maneira de sobreviver ao tempo é quando ficamos na memória de alguém.

De que forma é que Diabo na Cruz foi importante para ti enquanto músico/pessoa?
Foi importante porque me fez concretizar o meu maior sonho de criança, ser músico como os grandes que eu adorava quando era miúdo, permitiu-me viver disso e perceber o que é estrada a sério com uma banda, com o que isso traz de bom e de mau, aprender a ser músico e tentar sê-lo o melhor possível.

Quando tocavam a "Comboio" dos Trovante ao vivo imaginavas uma realidade paralela onde trocavas de corpo e de carreira com o outro João Gil?
Em todas as realidades paralelas (assunto que me interessa infinitamente) que existem, em todas aquelas em que poderia trocar de corpo com o João Gil dos Trovante, nunca o faria. Em todas essas realidades paralelas continuo a gostar muito mais de ser o João Gil dos Diabo na Cruz. No entanto, em todas essas realidades paralelas respeito muito o João Gil que fez grandes temas como o COMBOIO, espero que continue a fazer grandes temas como esse para o resto da vida!

Aquele riff inicial que tocas no "Armário da Glória" é glorioso e está mesmo a pedir para ser ouvido num estádio. Onde é que sonhas tocar um dia? 
Num estádio, é que é mesmo aí que espero tocar um dia, nunca toquei num estádio gigante e isso seria outro sonho concretizado. Fazer isso e a tocar a AMÉLIA (que é uma das minhas músicas preferidas) seria mesmo um sonho daqueles que nunca mais queremos acordar.

➤ Ver também:
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Entrevista: Bernardo Barata

5 comentários:

Mariana Lopes disse...

Um Diabo surfista! Desta não estava à espera. É sempre bom conhecer melhor as pessoas :)

Diogo disse...

Ai a Luzia no teclado... este João Gil faz magia.

Susana Campino disse...

O melhor que li no Dia de Portugal.:)) Hei-de ir ao estádio aplaudir-te/vos !!!

Teresa Duarte disse...

é um romântico este João Gil, já não se fazem homens assim.
meninos, aprendam como se pede uma menina em casamento :D

anónima disse...

Sim senhor. Vou mostrar isto ao meu namorado (futuro marido, espero eu) como quem não quer a coisa :D É CASAMEEEENTOOO