Cento e onze discos portugueses - A música na rádio pública é um livro que reúne os álbuns mais simbólicos dos 80 anos da rádio pública nacional. Nesta lista organizada pela Antena 3, com textos de pessoas ligadas ao universo radiofónico, encontra-se o álbum de estreia de Diabo na Cruz. O livro pode ser encomendado através da editora Afrontamento, no site Wook ou na Fnac.
Alguns excertos do texto sobre Virou!, escrito por Luís Oliveira:
«(...) Não faltam casamentos variados e felizes entre a língua portuguesa e a canção popular. No entanto, também essas relações passam por ciclos. Na entrada do novo século, os principais projectos a cantarem em português estavam já institucionalizados e quem mexia e remexia com mais astúcia na língua portuguesa eram os nomes oriundos do hip-hop. O final dos anos 00 traz uma nova realidade, com um núcleo de músicos dispostos a voltar a colocar a língua portuguesa como promotora da identidade nacional. Muitos desses músicos tornaram-se amigos/colaboradores/parceiros de Jorge Cruz. (...)
Nas canções de Virou! vive o povo e vivem fidalgos. Cabem loucos, Donas Ligeirinhas e Dom Fuas Roupinho. Há uma melodia popular portuguesa que atravessa todo o disco filtrada numa linguagem rock fazendo da braguesa uma excelente conversadora com uma qualquer Telecaster. Nesse diálogo, B Fachada e Jorge Cruz são protagonistas, estendendo a conversa para os territórios da voz. Aí, junta-se a terceira (e nunca redundante) voz de Bernardo Barata. Juntos ora vão namorando a lengalenga,ora reinventando melodias para um novo (tradi)som, pontuado com ocasionais... oioais.
A alegria desbragada dos teclados de João Gil fura por esses espaços, amparada na bateria de João Pinheiro que soa como se os Gaiteiros de Lisboa quisessem encher estádios.
Tantas vezes um primeiro disco não passa de um manifesto de intenções, um B.I. de informação reduzida mesmo que prometedora. Virou! traz o passaporte biológico completo, mostrando carácter e idiossincrasia logo nos primeiros acordes.»